quarta-feira, 25 de setembro de 2013

É ISSO, O OUTONO!


(MINHA ESTAÇÃO PREFERIDA)

Peço aos meus olhos que não escutem ruídos externos, perturbadores, não se deixem distrair.
Desligo o rádio, apago o CD. Conduzo de janelas abertas.
Peço aos meus olhos que escutem os segredos do vento, cantados às árvores, lá no alto. E a voz dos pássaros, que se preparam para a despedida. E o tombo macio dos primeiros pingos de chuva.
Peço aos meus ouvidos que não se deixem distrair por imagens fúteis, tipo, cartazes de campanha eleitoral, matrículas doutros carros, coisas assim, inúteis.
Peço-lhes que fiquem atentos, que dêem atenção à poça de água, fruto da primeira chuva, à primeira castanha a alcançar o chão, ainda envolta no seu manto de espinhos, à promessa de mudança de cor nas folhas tombadas à beira dos caminhos, envoltas, já, em seus quentes dourados, castanhos, avermelhados, amarelos, tons quentes, aconchegantes, aos frutos pendurados na espera da apanha (sentirão medo, os frutos, quando são colhidos? Que, quando são trincados, melhor nem pensar!).
Peço aos meus lábios que sustenham a respiração, aos meus pulmões, que parem de bater, ao meu coração, que se expanda em larga distensão, colocando à justa distância o diafragma.
Peço aos meus pensamentos que deixem de sentir e aos meus sentimentos que deixem de se preocupar com o conhecimento e a razão.
Peço ao meu corpo que se descontraia, que se desprenda das raízes da sua natureza próxima.
Peço-lhe que se pacifique, que se recolha à plenitude da natureza originária.
À Natureza. Não é isso a Natureza?
Ah! E não peço nada às minhas mãos, porque já vão a conduzir e a tirar fotografias.
Enfim, peço-lhes isso.
 






















 
 
 

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