sábado, 3 de agosto de 2013

PLANÍCIES DE AUSÊNCIA


Volta a adormecer

Esquece a lâmina cintilante do despertar

Quanto brilho prometido espalha!

Sonho de comer a vida, devorar

Embebedar olhos, lábios, mãos

Voar corpo e alma nesse cavalo ardente

Deslumbramento de apolíneo sol

Raios que ferem

Oferta que é recusa

Pedras preciosas rolando ao acaso

Tocando-te, todavia em fuga

Recolhe à lua prateada, fria

Sossega e esquece

Regressa ao coma

Rejeita o mel oferecido em rejeição

Sabias bem

Não devias sequer ter-te aproximado

Sabias bem que a tua onda é fel

Sabes?

Não deve aproximar-se do mel

Quem veste o hábito do fel

Sabias bem

Deverias saber

Desnasce, até, se conseguires

Se não, esquece

Mas esquece

Forçoso e urgente é esquecer

Adormecer

Regressar às galáxias surdas do nada

Vaguear por planícies de ausência

Voltar atrás

Desfazer

Calhando, permanecer.





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