segunda-feira, 1 de julho de 2013

THE SILLY SWAP FESTIVAL

 
 
É sabido que estamos em plena época de festivais ao ar livre e, já agora, que a silly season está mesmo ao virar da esquina.
 
A oportunidade para mais um silly festival não podia, pois, ser desperdiçada, o FESTIVAL SWAP, em que, amavelmente, se pretende dar música a este manso povo, com uma célebre banda, manhosamente conduzida por suas excelências os ministros das finanças do ex e do actual (des)governos, tudo sob o alto patrocínio dos principais partidos do "arco governativo".
 
Primeiro, tivemos direito a um processo muito interessante de ensaios.
 
Se bem me recordo, tudo começou com a demissão dum secretário de estado, não se sabia muito bem porquê, mas, veio a saber-se, porque, enquanto gestor público, terá alinhado na celebração duns contratos muito arriscados com a Banca (sempre a Banca...), em que, caso as taxas de juro baixassem, enormérrimos prejuízos adviriam para o Estado (sempre o Estado...).
 
Não me perguntem mais pormenores, pois não sou especialista nesta área e só me fixei nos milhões ou biliões ou triliões de euros, whatever it is, que, como portuguesa, seria chamada a pagar, certamente, em nome daqueles gestores públicos e respectivos tutores.
 
Depois, em doses bem calculadas, foi-se sabendo que o tal ex-secretário de estado não era o único (aqui, com acompanhamento da música, "não, não sou o único..."), e sucedeu-se uma quantidade de gestores, ex-gestores e contratos SWAP, chegando a rede, alegadamente, à própria secretária de estado do tesouro actual.
 
Pelo caminho, lembro-me de ter ouvido o primeiro ministro afirmar qualquer coisa do tipo, que esperava que os responsáveis assumissem as suas responsabilidades e se demitissem.
 
Achei esta afirmação deveras interessante, sobretudo considerando o facto das  empresas públicas se encontrarem sob tutela do Estado e de, neste País, inexistir o (saudável) hábito da prestação de contas  ( accountability) e, habitualmente, a Justiça não só tardar como falhar (v., a título de exemplo, caso BPN; no caso Freeport ficámos a saber, salvo erro 5 anos depois, que o processo fora arquivado sem que o eventual suspeito que, afinal, não o era, tenha sido ouvido, por alegada falta de tempo).
 
Entretando, deixei de seguir os ensaios, pois o barulho estava a tornar-se demasiado ensurdecedor e certos silêncios, ainda mais.
 
Eis senão quando sobe ao palco o ex-ministro das Finanças para afirmar que, em 2011, quando da transição de (des)governos, o seu sucessor tinha sido adequada e detalhadamente informado sobre a situação, o que, de imediato, foi desmentido por alguém do presente (des)governo (já nem sei quem) .
 
Neste ponto, apetece-me exclamar, - DAAH
 
Em resumo e conclusão: o anterior MF, responsável último pela situação, ao menos em termos políticos, atira as culpas  de dois anos de inacção para o actual, como se isso o isentasse da suposta culpa originária; o actual poder des(governativo), a ser verdade que conhecia a situação desde 2011 - vá-se lá saber, eles que se entendam -,  assobia para o lado, usa a informação quando lhe convém e descarta as responsabilidades todas no anterior; finalmente, nós, portugueses, não só somos indecentemente aldrabados, como pagaremos a factura, custe o que custar. 
 
Entretanto, não faltarão debates a discutir de quem é a culpa, enquanto o essencial passa à margem.
 
Dividir para reinar (neste caso, para baralhar e isentar de responsabilidades) sempre se revelou uma magnífica receita. Assim haja quem se deixe levar. E há!
 
E é isto, o verdadeiro SILLY SWAP FESTIVAL! 
 
 
 
 
 

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