domingo, 31 de julho de 2011

ABOUT GIANNI

Gianni e as Mulheres, eis o título de um filme que está por aí, apesar de ser Verão, quase Agosto.
Estabeleço esta ressalva, porque qualquer cinéfilo que se preze sabe que a época estival não é a mais propícia à qualidade dos filmes em cartaz, antes pelo contrário. Todavia, achei Gianni ... um filme muito bom.
Fala-nos da inexorável instalação da idade e da devastação que a acompanha, servindo-se do caso de Gianni, um sexagenário (62) reformado, com uma vidinha sofrível, que, espicaçado por um amigo, mas sem grande convicção, tenta recuperar o fulgor da juventude.
Se o consegue ou não, não conto, pois também não gosto que me antecipem o final dos filmes (ou seja do que for).
Acrescento, apenas, a seriedade (ou realismo ou lucidez) com que o tema é abordado, oferecendo-nos, sem misericordiosas contemplações, a ideia de  que, se há traço diferenciador entre os humanos, esse traço é o que divide os jovens dos menos jovens (e os belos dos menos belos).
Sem dramatismos, até com laivos daquele humor (aqui, mais na vertente irónica) típico das comédias italianas - trata-se, aliás, de um filme italiano -, como fica patente na cena em que a bela ragazza diz ao protagonista ter sonhado com ele, um sonho belissimo, e ele, com o brilho do sorriso luminoso  a desabar em abrupta sombra, quando ela, com toda a naturalidade deste mundo e do outro, encerra,- sonhei que eras meu avô.
Imperdíveis, também, a cena do jogo de cartas das velhotas e a do viagra ... 

Isto, como, por certo, se deixa perceber, é a opinião de quem não acha graça nenhuma ao aparecimento de mais uma ruga, de mais um grama ou de mais um pingo de flacidez, e que, consequentemente, fica sempre perplexa (no mínimo), quando aquelas socialites  que dão (ou vendem) entrevistas, perguntadas sobre esta (tão desagradável) temática, respondem, invariavelmente, algo do género: - isso não me incomoda nada, até gosto, pois cada ruga que me aparece é testemunha (elas não dizem bem assim, pois não falam desta maneira ...) de uma experiência de vida. Mas isto é o quê, estão a enganar-se a elas mesmas ou, apenas, a pretender enganar os outros ou, talvez, as outras? Inclino-me para a segunda hipótese, pois, normalmente, já estão carregadas de plásticas.

Não me parece, contudo, prejudicado que outro tipo de pessoas apreciem o filme, pois sempre poderão desfrutar, descontraidamente, da diversão que o mesmo proporciona. E, repito, sentido de humor não lhe falta.

Mudando de onda: sobre os tesouros que a juventude e a beleza podem proporcionar (certo tipo de tesouros, entenda-se), pode ver-se (pois é um filme que se deixa ver e apenas isso) Confissões de Uma Namorada de Serviço
Confesso que, neste caso, aquilo de que mais gostei foi da decoração dos interiores (a casa do casal e a loja em que ela compra aquelas sóbrias e bonitas roupas e acessórios, com que desfila pelo filme) e da pequena amostra do Soho de NY.  Quer dizer, gostei do bom gosto formal. 
E ainda gostei de mais um pormenor, o recurso pontual à música de rua, como componente da banda sonora.  



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