quinta-feira, 30 de junho de 2011

A FELICIDADE DUMA KAISER

A Sr.ª Merkel manifestou-se, hoje, muito feliz - MUITO FELIZ, repito - com a aprovação do novo plano de austeridade grego! Tanta felicidade, explicou, deve-se ao facto de entender que o dito plano vai ser muito bom para as finanças gregas e para a zona euro.

Ela lá saberá porquê, porque é que o ESTRANGULAMENTO ECONÓMICO E SOCIAL DE UM POVO pode ser bom para alguma coisa ou para alguém, sobretudo, para o Povo atingido. Excluídos S. Exs.ª os mercados e os beneficiários da venda a retalho e ao desbarato do património grego, of course. Esta parte eu consigo entender.

Ora, quanto mais não fosse por uma questão de RESPEITO pelo Povo grego, que, tão desesperada e agonicamente, se debate com a dramática situação do país, a dita Sr.ª deveria abster-se de manifestar felicidade. E, não sendo por respeito, haveria de ser por VERGONHA.

No caso, a expressão deste sentimento demonstra a mais absoluta falta de empatia e o mais elevado grau de inépcia emocional que alguma vez se viu.

Pior, consubstancia a mais cristalina demonstração dos (des)valores que estes líderes mundiais prosseguem, a saber, a absoluta e descarada primazia dos altos interesses económicos de meia dúzia de pessoas sobre os (para eles, irrelevantes) interesses atinentes à vida e à dignidade de milhões de outras pessoas, reduzidas à condição de verdadeiros escravos.

A NEGAÇÃO, PURA E DURA, DE QUALQUER RESQUÍCIO DE HUMANISMO, PORTANTO!

Nada a que, noutra variante, não se tivesse assistido no estado da sr.ª Merkel, há apenas uns sessesta e tal anos.

Aliás e de um modo geral, entendo que essa sr.ª deveria, pura e simplesmente, PARAR DE EXPENDER COMENTÁRIOS, de resto, quase sempre acompanhados de arrogantes juízos de valor, sobre o caso grego e, já agora, sobre o caso português, como tem vindo a fazer.

Não porque não tenha o direito de se pronunciar sobre esses casos, mas porque NÃO TEM O DIREITO DE SE PRONUNCIAR NOS TERMOS EM QUE O FAZ, ou seja, como detentora duma qualquer autoridade sobre estes Países, hipoteticamente legitimadora duma descarada ingerência nas suas vidas, quer dizer, NAS NOSSAS VIDAS.  

Quer ela queira quer não, quer ela saiba quer não, trata-se de PAÍSES INDEPENDENTES.

E se não sabe, alguém deveria fazê-la saber: AS AUTORIDADES DOS PAÍSES EM CAUSA, ATRAVÉS DOS CANAIS DIPLOMÁTICOS COMPETENTES!

Estas autoridades têm, igualmente, a obrigação de por em prática, ou apoiar os interessados a por em prática, mecanismos de RESPONSABILIZAÇÃO, EM SEDE PRÓPRIA, dos responsáveis ALEMÃES pelos ELEVADÍSSIMOS PREJUÍZOS CAUSADOS A AGENTES ECONÓMICOS NACIONAIS E À ECONOMIA NACIONAL, originados na falsa imputação da origem da bactéria causadora de algumas mortes.

Um Governo que CUMPRISSE ESTES DOIS DEVERES DE ESTADO mereceria, certamente, o meu apoio.

Uma Comunicação Social que abrisses espaço de questionamento a estes aspectos, em vez de se limitar a dar tempo de antena à sr.ª Merkel, mereceria, certamente, o meu apreço.

A sr.ª Merkel irá, certamente, manifestar a sua felicidade pelo (1º) plano de austeridade apresentado pelo nosso governo e pelo tempo de antena acrítico que a nossa comunicação social lhe atribui.



  

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